Foto: Ísis Dantas

Cada um no seu quadrado: lugar de professor é na escola e de policial é na rua, diz Veras


Com o auditório da Câmara Legislativa repleto de estudantes e professores, o deputado e professor Reginaldo Veras (PDT) mais uma vez discorreu sobre a proposta de militarização nas escolas defendida pelo governo do Distrito Federal.

Como professor, Veras levantou alguns aspectos pedagógicos. Utilizando um linguajar juvenil muito utilizado dentro das escolas ele disse “cada um no seu quadrado”.

“Lugar de professor é na escola, lugar de policial é fazendo policiamento ostensivo de prevenir e combater a criminalidade, que é essa a função precípua da Polícia Militar do Distrito Federal, instituição que tem todo o nosso respeito”, defendeu.  “Em 1995, fui compor a Direção da Escola Classe nº 53 de Ceilândia, na Expansão do Setor “O”. Naquela ocasião, a Expansão do Setor “O” era chamada de Vila da Miséria, fazendo referência à periferia da cidade Roque Santeiro, novela muito popular naquele contexto. A vulnerabilidade era total, extrema. Famílias pobres e tudo mais, e o tráfico de drogas comandava também aquela região. Cá entre nós, comanda até hoje, todo mundo sabe, exceto o Estado”, relatou.

O parlamentar contou que, num trabalho coletivo de professores, profissionais de educação, e pais, a realidade da escola foi transformada.

“Compus a direção daquela escola seis anos. E afirmo: zero, zero a ocorrência de índice de violência dentro do ambiente escolar. Um trabalho reconhecido pela Unesco”, informou. “Todas as famílias classificadas como vulneráveis, muitas desestruturadas, com presos, mas dentro do ambiente escolar o índice de criminalidade era zero. Mas fora dele existia. E se existia era pela omissão do Estado, por meio do seu órgão de repressão, que é a polícia. Lugar de polícia é fora da escola, não dentro. Dentro o trabalho de educação é do profissional de educação”, completou.

Veras, que trabalhou na Ceilândia a vida inteira como professor da rede pública, disse conhecer bem a realidade e relatou inclusive ter sido estudante do Centro Educacional (CED) 07 (uma das escolas em que o modelo militar está sendo implantado) quando fazia lá o CID – Centro de Iniciação Desportiva de atletismo nos anos 90.

“A gente entende, sim, que a polícia é importante do muro da escola para fora. Pode até ficar na portaria, não vejo nenhum problema. Até controlar a entrada de aluno, mas não se pode achar que disciplina está afastado de um projeto pedagógico. A parte disciplinar está diretamente relacionada ao projeto pedagógico da escola. E quem diz diferente é porque não entende nada de escola. Nada, nada! ”, afirmou. “Quer trabalhar na escola? Faça concurso público. Eu fiz concurso público. Quer trabalhar na escola? Vá estudar didática, pedagogia, estrutura e funcionamento do Ensino de 2º Grau, Psicologia da Educação, existe uma série de matérias que nos prepara para isso” destacou.

O distrital finalizou sua fala dizendo não ver nenhum problema em criar escolas militares, contanto que elas nasçam com essa função.

“Não vejo problema. Cria-se um Colégio Militar, contrate os policiais com recursos da Polícia. Não dá é para usar essa cortina de fumaça, fruto de um governo que eu afirmo e reafirmo: não tem política educacional. Peguem vocês aí, Deputados, vão lá estudar o programa de governo do Ibaneis. Primeiro que ele não fazia referência à implantação de escolas com caráter militarizado. Segundo, não tem política educacional nenhuma. E volto a afirmar, político que promete uma coisa durante a campanha, ou que se omite durante a campanha, e que executa outra depois, é um mitômano, um mentiroso contumaz. E a sociedade brasileira não admite mais gente que faz política dessa maneira. Volto a repetir, se não dá conta de cumprir, não prometa”, finalizou.

Foto: Ísis Dantas

Sobre Ísis Dantas

Formada em Comunicação Social/ Habilitação Jornalismo pela Universidade Católica de Brasília em 2004 e estudante de Comunicação e Marketing. Ísis Dantas trabalha como assessora de imprensa na Câmara Legislativa há quase 15 anos - desde 04 de setembro de 2006. Atualmente assessora o deputado Prof. Reginaldo Veras (PDT), reeleito para seu segundo mandato parlamentar.

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