No próximo sábado (27), às 16h, o Cine Brasília exibirá gratuitamente o Documentário Dossiê Jango. A projeção está entre as iniciativas alusivas ao 59º aniversário de Brasília. De autoria do cineasta Paulo Henrique Fontenelle, o documentário teve sua estreia em 2012, sendo produzido pelo Canal Brasil e com argumento de Paulo Mendonça e Roberto Farias. A iniciativa é uma parceria da Secretaria de Cultura do Distrito Federal e o Instituto João Goulart.
Em clima de thriller, reabre a discussão sobre o suposto assassinato de João Goulart, trazendo novas informações sobre as circunstâncias de sua morte na Argentina. Oficialmente, o ex-presidente morreu de infarto durante seu exílio político, questões enfocadas até os dias de hoje pela mídia nacional e internacional.
A obra de Fontenelle capta depoimentos de várias personalidades tais como o filho e a viúva de Jango, amigos, jornalistas, historiadores, políticos. A trama é toda costurada como um filme de suspense e, como diz Fontenelle, “investigamos a história a fundo. Queremos reabrir essa discussão”. Os fatos presentes no início do documentário trazem os recortes históricos que antecederam ao Golpe de 64, que podem ser trabalhados como fonte de pesquisa e análise histórica.
Os temas a serem refletidos são de natureza variada, desde a eleição presidencial de Juscelino Kubitscheck tendo João Goulart como vice, a visão de um Brasil como “um país do futuro”, o cinema, o avanço tecnológico, a Bossa Nova, a Copa do Mundo, a renúncia de Jânio Quadros e tantos outros. Desde o seu exílio no Uruguai até a sua morte, existem vários argumentos e temas que podem formar uma análise crítica dos sujeitos históricos presentes no contexto apresentado pela obra de Fontenelle.
O documentário pode ser analisado em dois momentos; na primeira metade, a mais didática, uma análise histórica, a partir de imagens e depoimentos que evidenciam fatos relevantes sobre a aliança entre civis e militares para a produção do golpe, assim como a participação dos EUA na desestabilização do governo. Na segunda parte, cabe um trabalho de origem crítica e investigativa, partindo do momento político vivido no Brasil e na América Latina.
O “Dossiê Jango” surge como uma fonte de informação, abre prerrogativas para um excelente debate, oferecendo interpretações diversificadas e instigantes sobre um período obscuro da História do Brasil, permitindo uma melhor compreensão do contexto nele envolvido, bem como, o complexo jogo político em vigor na década de 1960, que não resultou só no golpe militar, mas também no modo como a ditadura agiu nos primeiros anos de governo e nas incertezas e lacunas que ainda estão por preencher.
É um filme extremamente atual diante do debate sobre a natureza do que aconteceu após a deposição de Jango e dos anos de chumbo que estenderam por mais de 20 anos. Debate, aliás, que tem ocupado a atenção, hoje, de segmentos políticos e midiáticos de nosso país.
FICHA TÉCNICA
Duração: 102 minutos.
Ano de Produção: 2012.
Produção: Paulo Mendonça por Canal Brasil.
Distribuidora: Canal Brasil.
Direção e Roteiro: Paulo Henrique Fontenelle.
Roteiro Original: Paulo Henrique Fontenelle.
Direção de fotografia: Coletivo (Bruno Corte Real, Eduardo Izquierdo, Marcelo Casacuberta, Marco Moreira, Paulo Vinícius Senise, Tota Paiva, Waldir de Pina e Wlacyra Lisboa).
Montagem: Paulo Henrique Fontenelle.
Edição Sonora: Denílson Campos.
Mixagem: Denílson Campos.
Trilha sonora orignal: Marcos Nimrichter.
Sinopse: Dossiê Jango traz à tona o conturbado período em que o ex-presidente João Goulart viveu no exílio e as nebulosas circunstâncias de sua morte. Partindo deste fato, o documentário alimenta o debate em torno da necessidade de investigação e de esclarecimento público deste período terrível de nossa História: a era das ditaduras militares latino-americanas.
Elenco: Cacá Diegues, Carlos Heitor Cony, Flávio Tavares, Leonel Brizola, Maria Theresa Goulart, João Vicente Goular, Waldir Pires, Zelito Viana.
Finalistas: Melhor Longa–Metragem de Documentário. Melhor Montagem Documentário: Paulo Henrique Fontenelle.