Na última semana o Ministério da Educação divulgou dados assustadores sobre como o atraso na educação foi agravado pela pandemia. A pasta apresentou números do Censo Escolar de 2021 e de uma pesquisa interna realizada com 3,2 milhões de alunos do Ensino Médio do país. Os resultados demonstram que os jovens estão indo para o Ensino Médio sem desenvolverem habilidades que deveriam ter sido aprendidas no Ensino Fundamental. Outro ponto preocupante é a evasão escolar, que dobrou entre 2020 e 2021.
Nesse contexto, preocupado com a realidade educacional de inúmeros jovens, com as condições de trabalho dos professores e todas as questões relacionadas ao Novo Ensino Médio (NEM) nas escolas públicas do DF é que o Bloco Sustentabilidade e Educação, formado pelos deputados Leandro Grass (PV), João Cardoso (Avante) e Reginaldo Veras (PV), propôs a realização de uma Comissão Geral que acontecerá na próxima quinta-feira (26), às 15h, no plenário da Câmara Legislativa. A ideia é discutir com gestores e profissionais de educação que trabalham nas escolas-piloto como tem se dado a implementação do NEM nas unidades de ensino do DF.
Segundo o líder do Bloco, deputado Prof. Reginaldo Veras, os parlamentares foram procurados pela comunidade escolar que relatou inúmeros problemas aos distritais na efetivação do novo modelo nas escolas-piloto como o aumento trabalho dos professores, que em razão da nova estrutura proposta têm que triplicar suas horas de coordenação e planejamento, além de ter uma nova estrutura organizacional curricular. Somado a isso, eles ainda precisam criar eletivas, trilhas e conquistar um número mínimo de estudantes, para não correr o risco de ter sua carga horária reduzida, entre outras questões apontadas.
“A ideia é realizar um grande debate, com todas as escolas de ensino médio, de modo que esses problemas não ocorram quando da ampliação para toda a rede”, afirmou. “Percebemos que em todo o país a reforma tem encontrado uma série de desafios para ser implementada, pois ela é descolada da realidade educacional, da realidade dos investimentos e da própria infraestrutura das escolas. Esperamos que juntos, professores, gestores e parlamentares, possamos encontrar alternativas para sanar os problemas”, concluiu.
O vice-líder do Bloco, deputado Leandro Grass, também acha que muita coisa precisa ser ajustada. “O Novo Ensino Médio já deveria ter sido debatido com os professores, na verdade deveria ter sido construído em parceria com eles, mas ainda há muita coisa para ser ajustada como: problemas nos diários, problemas nos itinerários formativos, na condução da implementação do Novo Ensino Médio. Por isso, traremos a Secretaria de Educação à Câmara Legislativa para que responda nossos questionamentos e assim, possamos sair do debate com um novo horizonte”, disse.
Já o deputado João Cardoso diz nutrir preocupação em relação ao NEM nas escolas públicas do DF. “Penso que devemos reunir todos os atores da educação pública do DF para podermos discutir esse novo modelo. É preciso que fique bem claro para a população, para os alunos, para todo o corpo técnico que trabalha diretamente com a educação como será esse Novo Ensino Médio e que, caso seja, necessário fazer algumas alterações”, destacou.
Foram convidados para o debate a Secretária de Educação do Distrito Federal, a Sra. Helvia Paranaguá; o Secretário Adjunto de Educação do Ministério da Educação, o Sr. Helber Ricardo Vieira; a Subsecretária de Educação Básica da Secretaria de Estado de Educação do DF, a Sra. Solange Foizer Silva; a Subsecretário de Planejamento, Avaliação e Avaliação da Secretaria de Estado de Educação do DF, a Sra. Mara Gomes; o Diretor da Diretoria de Ensino Médio da Secretaria de Estado de Educação do DF, o Sr. Julio César Da Silva e o Diretor do Centro de Ensino Médio Integrado (CEMI) do Gama, o Sr. Carlos Lafaiete Formiga Menezes.
O que é o NEM – Apresentada por meio de Medida Provisória, a reforma do ensino médio virou lei em 2017, no governo do ex-presidente Michel Temer (MDB). Norteado pela BNCC (Base Nacional Comum Curricular), o currículo do novo ensino médio prevê, entre outros pontos, a organização das disciplinas em quatro áreas de conhecimento, que são: linguagens e suas tecnologias; matemática e suas tecnologias; ciências da natureza e suas tecnologias; ciências humanas e sociais aplicadas.
O objetivo é que, neste modelo, as disciplinas que antes eram trabalhadas de forma individual agora sejam estudadas e exploradas de forma conjunta e interdisciplinar. É o caso, por exemplo, de biologia, física e química, que integram a área de ciências da natureza e suas tecnologias.
No Distrito Federal, o NEM teve início em 2020 por meio de escolas pilotos e começou ser aplicado nas escolas a partir de 2022, mas ainda de forma progressiva: 2022 – 1ªs séries; 2023 – 1ªs e 2ªs séries e 2024 – 1ªs, 2 ªs e 3ªs séries.
No início deste ano, cerca de 75 mil estudantes em 81 escolas da rede pública do Distrito Federal tiveram contato pela primeira vez com o Novo Ensino Médio (NEM). Para implementá-lo, a Secretaria de Educação (SEE) propôs uma nova matriz curricular, composta pelas disciplinas tradicionais da Formação Geral Básica (FGB) e pelos itinerários formativos (IFs), que possuem eletivas a partir de áreas do conhecimento escolhidas pelo aluno.
A ideia é focar no protagonismo e na autonomia dos estudantes, que podem escolher de acordo com as áreas de interesse, facilitando a carreira profissional e a preparação para o mundo do trabalho, mas muitas dúvidas ainda pairam sobre o modelo e como sua implementação total se dará no DF.
Serviço:
Comissão Geral para debater sobre o Novo Ensino Médio (NEM) nas escolas do DF
Data: 26/05/2022
Horário: 15h
Local: Plenário da CLDF